domingo, 22 de março de 2009

artigo-pós-libras

Trabalho – pós- Campos Novos- EDNA MARA MARTINS
TEMA: A INFLUÊNCIA DA ESCOLARIDADE DOS PAIS EM RELAÇÃO A SEUS FILHOS, COM DEFICIÊNCIA.
OBJETIVO: Em que medida a falta ou pouca escolaridade dos pais interfere no desenvolvimento de seu filho, sendo o mesmo deficiente auditivo. Numa concepção mais ampla o sentido de mundo extrapola os limites territoriais culturais e históricos, trabalhando para uma realidade mais próxima, é o lugar onde vivemos.
JUSTIFICATIVA:
Para a criança, entrar na escola é entrar em um mundo novo; onde ela deverá adquirir certo número de conhecimentos, que lhe serão necessários em uma sociedade e cujas bases serão indispensáveis o seu futuro desenvolvimento.
Se por um lado estará adquirindo conhecimentos, por outro, o afetivo, implicará na separação do meio familiar e nova forma de adaptação social, será necessária, havendo uma integração a um grupo novo, em geral heterogêneo, distinto do meio parental e fraterno.
A finalidade da escola é ensinar e a do aluno é aprender, trata-se em princípio de uma comunicação através do desejo de saber de um e a necessidade de transmitir do outro. Até os sete anos, a escola aparece para a criança como um jogo sério, graças ao qual imita o trabalho dos adultos.
Entre os sete e dez anos a satisfação de amor próprio, desejo de agradar, curiosidade. A partir dos doze, a escola é nitidamente percebida pela maioria dor pré-adolescente como uma preparação direta para a profissão.
A criança pode, portanto, aceitar a escola seja por interesse, seja pela necessidade de certa autonomia, ou considerá-la como uma nova aventura e uma possibilidade de travar novas amizades e conhecimentos, onde nesta FAE o papel dos pais é fundamental, sendo eles instigadores de novos conceitos ou atravancadores do progresso estudantil de seu filho. Sendo eles, os pais, peça fundamental do jogo do saber e da procura de novos conhecimentos, suas opiniões e seu discurso contra ou a favor da escola serão decisivos para seu filho.
Os pais parecem ausentes nesta sociedade nova que é a escola. Se para a criança a escola é um campo novo de experiências no qual ela revive e assume seus problemas familiares sob nova forma, para alguns pais, a escolaridade da criança representa uma recolocação de seus problemas pessoais; eles podem sentir a escolaridade como uma separação, como um início de autonomia para a criança como as premissas individualização socialmente aceita, como uma transferência da autoridade oficialmente reconhecida e a sociabilidade uma ameaça a unidade do grupo familiar. Isto se reflete, com freqüência, nas atitudes ambivalentes de certos pais- para os quais a criança aprende certas coisas na sala de aula, mas adquire também maus hábitos – o professor é julgado, como um autoritário e severo, outras vezes como muito permissivo, porque não conhece a criança o suficiente. Essa reação expressa diante da criança, cria nesta um estado de perplexidade e dúvida, e impedem uma boa integração. Tal atitude dos pais pode ser utilizada pela criança, por vezes contra a escola, por vezes contra a família. Além disso, a escolaridade da criança desperta nos pais seus próprios problema escolares ou trazem a tona, inconscientemente, suas ambições ou desejos insatisfeitos. Projetam sobre a vida da criança sua insegurança, e sobre o professor a dificuldade que eles próprios tiveram na escola em relação a autoridade, ou transferem para o mestre suas dificuldades como pais. Se um fracasso pode ser sentido como uma derrota pessoal, pode ser visto também, de um modo mais ou menos consciente, como uma forma de garantia, de não ultrapassagem das capacidades próprias dos pais. Portanto, estes vão exercer um papel capital no interesse ou indiferença da criança em relação à escola, ou em sua oposição. Ser pai de uma criança surda é difícil e quando ela vai para a escola essa dificuldade cria espaços e evolui consideravelmente.
A participação dos pais no trabalho da criança é útil, quando livremente consentida e quando esta vê na participação um apoio e uma demonstração de afeto, mas esta ajuda ser sentida como agressiva, quando é fruto da obsessão dos pais e uma determinação de perfeccionismo pessoal; a criança pode, em dado momento, ter necessidade desse auxílio por que foi habituado a ele, ao mesmo tempo revoltar-se pela impressão que desperta pela perda de autonomia. A importância das contribuições culturais familiares tem um papel nas necessidades de aquisição de conhecimento, mas se a identificação como o pai, válido intelectualmente, é em geral um fator positivo, certos fracassos podem também ser explicados pelo medo de chegar a igualar-se a ele ou pela possibilidade de ultrapassá-lo.
Por outro lado, assim como existe uma rivalidade no grupo escolar, podem existir rivalidades quanto a escola no grupo fraterno, podendo os fracassos ou os êxitos ser utilizados como formas contraditórias de relação com os pais.
A LDB consolida e amplia o dever do poder público para com a educação em geral e em particular para o ensino fundamental. Assim vê-se no art.22 dessa lei que a educação básica, da qual o ensino fundamental é parte integrante, deve assegurar a todos “a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”, fato que confere ao ensino fundamental, ao mesmo tempo, um caráter de terminalidade e de continuidade. Sendo fator obrigatório e gratuito o ingresso na escolaridade, é fundamental o discernimento dos pais da aplicabilidade do ato de adquirir conhecimento a que seu filho lhe é conferido.
O governo federal atende a uma das prioridades, que é de cumprir o prescrito na Constituição de 1988 ( art.208, Inciso III), garantindo nas escolas públicas, preferencialmente, a possibilidade de todos os alunos com deficiência serem incluídos nas turmas escolares do ensino regular.
O direito de todos a educação tem peculiaridade: não é qualquer tipo de acesso a educação que atende ao principio da igualdade de acesso e permanência em escola (art.206,I,CF), bem como a garantia de ensino fundamental obrigatório (art.208,I,CF).
Em uma sociedade inclusiva, as diferenças sociais, culturais e individuais são utilizadas para enriquecer as interações e a aprendizagem entre os seres humanos. Trata-se de uma mudança profunda no comportamento e na atitude das pessoas.
E necessário o envolvimento direto das famílias e que esse processo de mudança seja iniciado por elas, uma vez que a formação do cidadão começa em casa. É na família que são desenvolvidos valores, hábitos e idéias sobre as coisas e o mundo. É na família que aprendemos a nos relacionar com os outros. A construção dessa sociedade inclusiva começa nas famílias. Os pais e as próprias pessoas com deficiência são seus principais agentes.
A Educação Infantil consiste a primeira etapa da educação básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os 6 anos de idade, em seus diferentes aspectos (art.29, da lei n. 9396/96), destina-se as crianças de 6 anos. A pré-escola em nenhuma hipótese é obrigatória para a criança e nem para a família.
O Ensino Fundamental é para crianças a partir dos 7 anos ou a completar no ano letivo. Consolidou-se na atual L.D.B. (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) como a segunda etapa da educação básica constitui-se de, no mínimo, 8 anos de escolarização, sendo facultativa a matricula de crianças a partir dos 6 anos de idade – Lei n. 9394/96 (art. 6º, 32 e 87,§ 3°,I) e lei complementar n° 170/98 (art.35 e 36).
O ensino médio de que trata a lei n° 9394/96 e lei complementar n° 170/98 é a etapa final de escola com características de terminalidade, de formação geral, vinculado ao mundo do trabalho e da prática social.
A Lei nº 7.853/89 e o Decreto nº 3.298/99 balizam a política nacional para integração da pessoa portadora de deficiência. A língua de sinais brasileira é uma língua usada pela comunidade surda brasileira. É uma língua reconhecida pela Lei 10436/2002 e pelo Decreto 5626/2005. Essa língua é visual-espacial, ou seja, se realiza no espaço com articuladores visuais: as mãos, o corpo, os movimentos e o espaço de sinalização. É uma língua usada entre os surdos, a partir do momento em que acontece o encontro surdo-surdo. As escolas, as associações dos surdos, os pontos de encontros são locais em que a comunidade surda se encontra e usa a sua língua. (QUADROS, RONICE MULLER) Disponível: portal. Mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port_surdos.pdf – acessado dia 15/10/2008.
O conceito de educação foi muitas vezes identificado com o conceito mais restrito de instrução; hoje essa noção e todas as influências, estímulos do indivíduo tem alguma preponderância no seu caráter e fazem, portanto parte da sua educação. E, vamos retroceder um pouco a história da educação no Brasil para uma melhor compreensão.
Em 1530 teve início o processo de colonização do Brasil e, em 1549 com a vinda dos padres jesuítas, trazidos pelo primeiro governador geral do Brasil, foram fundadas as primeiras escolas, nisso, havia escolas de ensinar a ler e a escrever e os colégios onde se realizavam estudos humanísticos, filosóficos e principalmente teológicos. A educação estava a cargo dos jesuítas. Passado algum tempo surgem os senhores de engenho, onde era tradição ter um filho letrado e o outro padre, cabendo ao último voltar à casa grande e ser a mestra escolar das crianças que ali viviam.
Vários sistemas foram criados e aprimorados de lá para cá, matérias acrescentadas ao lado das matérias tradicionais. Com a vinda da família Real, novas oportunidades no tocante à educação foram expandidas em nossa terra, como biblioteca pública e criados também outros cursos: cirurgia, agricultura, química, artes e outros.
Proclamada a independência, esboçou-se um sistema educacional popular e gratuito o que, entretanto “não vingou”. Outros cursos foram criados e surge um novo projeto de educação em função da sociedade e dos recursos econômicos e financeiros de que dispunham na época.
Como nos diz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, várias formas foram implantadas nos ensinos médias e secundárias, porém, muitos foram os fatores que revogaram nesse fracasso e na implantação prática de tais cursos. O mundo vem mudando rapidamente. Essas transformações são numerosas demais até para serem sentidas. Mas no setor educacional seus reflexos não só são percebidos, como também alteram profundamente todos os comportamentos e atitudes sociais. Grande é a disseminação de novas tecnologias e de novos conceitos sobre educação. Nesse contexto todos precisam aprender e mudar a todo instante. Ou atualiza-se ou morre sufocado pelas constantes avalanches ocorridas nas diversas áreas de atuação. O mundo muda e o ensino também. Durante todo este século, a educação foi pesquisada por psicólogos, pedagogos e professores, resultam em diversas propostas de ensino, bem como em novas posturas adotadas por muitos profissionais da educação.
Diante deste quadro, percebe-se a necessidade, da formação constante dos profissionais de séc. XXI. Baseados nos pressupostos da nova LDB, afirma que todos os educadores tomem consciência da necessidade de uma ação interativa entre escola e família, visando à conscientização de um projeto participativo. Na formação deste novo cidadão, com deficiências, é preciso garantir a todos, em igualdade de condições uma gama de conhecimentos essenciais à vida em sociedade. Isso inclui a compreensão e o comprometimento de toda a Unidade Escolar no contexto social educativo
“Todo processo educativo, na família, na escola, na sociedade, a educação formal ou informal, reveste-se de importância muito humana. Não apenas racional, mas abrangente, integral”.(PICCOLO, 1998, p. 04)
A escola precisa abrir suas portas, formar parcerias, escola-família - sociedade, para que juntos atinjam o desenvolvimento significativo do educando, como agente consciente de seus direitos e deveres. Precisamos sair da ilusão de que a escola educa sozinha. O conceito de educação de hoje é mais amplo, nele, o homem é autor, sujeito do mundo. Faz-se necessária hoje uma escola aberta que visualize e deseje uma sociedade moderna, democrática de homens livres, cidadãos conscientes e responsáveis, conforme nos diz Anselmo:
“A dedicação de uma criança começa com o exemplo dos pais. Não adianta dar ao filho os melhores colégios e professores, se no dia a dia ele vê e sente totalmente o contrário”.(ANSELMO, 1983, p.95)
Esta consideração não é para a escola lavar as mãos, mas ver a realidade global como ponto de luz na compreensão da realidade local e, descobrir qual a contribuição de cada um no esforço conjunto de fazer escola, família e sociedade cumprirem seu papel, uma vida em comum.
“A escola deveria surgir da comunidade... Onde todos são todos, não onde alguém é para todos” (MENEGOLLA, 1986, p.13).
A educação tem um novo rumo, uma educação engajada e comprometida tendo como objetivo a formação de cidadãos conscientes, solidários, responsáveis e livres, chamados a participar do imenso esforço do desenvolvimento integral que passamos atualmente, almejando a construção de uma sociedade democrática, que realize seu próprio progresso, mediante o crescimento humano, econômico e cultural das pessoas que a compõem. Educação hoje é o processo pelo qual uma pessoa ou grupo de pessoas adquire conhecimentos gerais, pode ser recebida em estabelecimentos de ensino ou por intermédio dos contatos com leituras em livros, jornal e revistas, apreciação de pinturas, esculturas, filmes, peças de teatro, músicas e viagens.
O objetivo primordial de a educação dotar o homem de instrumentos culturais capazes de impulsionar as transformações exigidas pela sociedade é conformá-lo aos objetivos de progresso e equilíbrio social da coletividade a que pertence. A educação é a atividade criadora e abrange o homem em todos os seus aspectos. Começam na família, continua na escola e se prolonga por toda a existência humana, e é diante dessa não separação que diz Dewey:
“Educação não é preparação, nem conformidade. Educação é vida, é viver, é desenvolver-se, e crescer”. (DEWEY apud FREITAG, 1980, p.18)
Políticas Públicas
Convenção da ONU - AcessibilidadeEstatuto - Acessibilidade na Comunicação
BREVE RELATO SOBRE AS POLÍTICAS PÚBLICAS DA INCLUSÃOO último século foi caracterizado pela formulação de instrumentos legais que garantissem os direitos básicos da pessoa humana. Na área da Educação, principalmente das pessoas com necessidades educacionais especiais, ocorreu grande avanço embora muito ainda tenha que ser feito para a efetividade prática desse conjunto de leis.Hoje, pensa-se diferentemente acerca das necessidades educacionais de alunos. A ruptura com a ideologia da exclusão proporcionou a proposição da política de inclusão, em vários países. A legislação brasileira posiciona-se pelo atendimento dos alunos com necessidades educacionais especiais preferencialmente em classes comuns, em todos os níveis, etapas e modalidades de educação e ensino.Acontecimentos relevantes merecem atenção no âmbito das políticas públicas quanto à inclusão:10 de dezembro de 1948: Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU);1955: Recomendação 99 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre Reabilitação Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes;1959: Declaração dos Direitos da Criança (especificamente o 5o princípio);1971: Declaração de Direitos do Deficiente Mental (ONU);9 de dezembro de 1975: Declaração de Direitos das Pessoas Deficientes da ONU, 2433o sessão plenária;Dezembro de 1976: Proclamação de 1981 como Ano Internacional das Pessoas Deficientes em Assembléia Geral da ONU;1977: Declaração de Direitos das Pessoas Surdo-Cegas, Conferência Mundial Hellen Keller;3 de dezembro de 1982: Programa Mundial de Ação Relativo às Pessoas com Deficiência, Resolução 37/52 da ONU;Janeiro de 1987: Declaração sobre Equiparação de Oportunidades, Disablet Peoples’International;1988 Constituição Federal: Artigos 208 e o 227, que tratam do atendimento educacional especializado e das metas a serem cumpridas em relação a integração social do adolescente portador de deficiência, mediante a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos. Lei nº 7.853/89, que transfere para Estados e Municípios a responsabilidade pela adoção e efetiva execução de normas referentes às pessoas com deficiência.1990: Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n°. 8.069/90) como resultado da Convenção sobre os Direitos da Criança e das recomendações da Cúpula Mundial da Infância;3 dezembro de 1993: Idéias Práticas em Apoio ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, Disability Awareness in Action;20 de dezembro 1992: Normas sobre a Equiparação de Oportunidades para Pessoas com Deficiência, ONU;10 de junho de 1994: Declaração de Salamanca e Parâmetros de Ação na Educação para Necessidades Especiais, UNESCO, Conferência Mundial sobre Educação para Necessidades Especiais;20 de dezembro de 1996: lei 9.394 LDB;11 de setembro de 2001: Resolução nº 2 do Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Básica (CNE / CEB), que institui as Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, na Educação Básica, em todas as suas etapas e modalidades e que passou a ser obrigatória em janeiro de 2002.8 de outubro de 2001: Decreto nº 3.956, que promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (Convenção de Guatemala)24 de abril de 2002: Lei nº 10.436- Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LibrasA inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais não significa mera transferência da sala ou escola especial para a sala regular, mas sim uma mudança paradigmática que resulte em mudanças nas políticas, programas e serviços de apoio, como proposto pela LDB e Plano Nacional de Educação.A inclusão é um motivo para que a escola se reorganize e os professores aperfeiçoem suas práticas, conseqüência natural de todo um esforço de atualização e de reestruturação das condições do ensino básico.A lei, apenas, não garante o acesso aos recursos necessários. A inclusão não se faz pela força da lei, mas sim pelo preparo do sistema educacional e da sociedade, revendo preconceitos e criando novas práticas.A preparação dos professores e das outras crianças, o planejamento e a implementação cuidadosa das novas ações podem ser instrumentos para a transformação da realidade brasileira, da segregação para a inclusão.A educação é um processo de formação, e como tal construtor de identidade e de sujeitos na interação com o mundo cultural: as pessoas se desenvolvem na medida em que agem e interagem num mundo de diversidade e de enriquecimento com o heterogêneo. Torna-se, portanto, imprescindível o convívio com a diferença e os processos de ensino e de aprendizagem não podem ser pasteurizados e homogeneizados sob o risco de formação de identidades prejudicadas pela pobreza de estímulos e de situações. Neste sentido todas as discriminações e tipologias que resultam em dualidade são nocivas para a construção da identidade de qualquer pessoa.BIBLIOGRAFIA VALLE, D. C. – A equipe de apoio no processo de inclusão do aluno surdo: uma reflexão a partir das políticas públicas - Dissertação de Mestrado, Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo, 2004.
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Acessado dia 13/03/2009.
O termo FAMÍLIA é originário do latim “famulus” que designava criador ou servidor. Inicialmente a palavra nomeava o conjunto de empregados de um senhor. Mais tarde passou a empregar-se para denominar o grupo de pessoas, unidas por laços de sangue e que viviam na mesma casa com autoridade de um chefe comum. Diziam ser a família uma comunidade de todos os dias: com a incumbência de atender às necessidades primárias e permanentes do lar.
Nessa comunidade diária, também ganhou a expressão consagrada pelo tempo, segundo o qual “a família é o princípio da cidade e origem ou semente do estado”. A família é uma estrutura social tão antiga quanto à própria história da humanidade.
‘Os laços iniciais nas famílias eram de consangüinidade e os casamentos ocorriam entre irmãos e irmãs. À medida que o homem foi aperfeiçoando os meios de manutenção da espécie com o aparecimento da acumulação da riqueza, da propriedade privada e com o desenvolvimento tecnológico, a família vai transformando-se e construindo-se como conhecemos hoje. (MORGAN, 1999, pág. 36)”.
O tipo mais comum de família constitui-se de um homem adulto, sua mulher e seus filhos não casados. Contudo não pode ser considerada universal, pois não há sociedade em que só existam famílias deste tipo. Muitas famílias incluem componentes alheios a esse núcleo, mas mesmo assim;
“A família é a célula básica da sociedade”.(MIOTO, 1996, p.6)
No decorrer dos séculos e segundo as diferentes culturas e civilizações, predominam a família patriarcal, porém, com as mudanças ocorridas na humanidade, isso também modificou. Assim:
“A família é a instituição que incumbe de transformar um ser biológico em ser social e o veículo primeiro de transporte dos padrões culturais, valores e objetivos da organização da sociedade.” (apostila da Escola de Pais,1986, pág. 7)
Os estudos de LEVI-STRAUSS (1999) esclareceram a passagem da família se um estado natural para o social, ou seja, a construção da instituição familiar é cultural, de influência recíproca da sociedade como um todo. Nesta perspectiva, temos uma complexidade de fatores de influências sejam eles econômicos políticos ou culturais.
O surgimento da família monogâmica pode ser comparado as famílias do modelo “patriarcal” ou famílias aristocráticas da Idade Média. Nesta família habitavam crianças, parentes, clientes e criados.
Os castelos eram lugares públicos onde a privacidade era impossível e as relações eram regulamentadas por uma hierarquia fixada pela tradição. O casamento era um ato político onde se realizava um arranjo conveniente com a finalidade de manter a propriedade intacta sem relação com amor ou sexo. Era comum conviver num mesmo espaço a esposa e as concubinas. As mudanças sociais ocorridas ao longo dos tempos ocasionaram transformações nas instituições sociais bem como na instituição família. Os valores conjugais vão alterando-se além de outros fatores que ocasionam essas modificações.
Apesar de todas as mudanças e conceitos relativos à família KALOUSTIAN afirmou:
“A família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência, de desenvolvimento e proteção integral dos filhos e demais membros, independente do arranjo familiar ou forma como vem se estruturando”.(1999, pág.94)
A vida moderna complicou-se de maneira extraordinária com o surgimento da Era Tecnológica e científica que repercute na organização da nossa sociedade hoje. As conseqüências de mudanças tão rápidas e radicais, tais como o crescimento das cidades, a organização das forças econômicas, o forte domínio irracional do ser humano, em tão pouco tempo são responsáveis por crises que desintegram as estruturas institucionais e nos obrigam reformular padrões éticos da vida social, entretanto, essas transformações deslocam dessa:
“Família uma série de funções, mudando-lhe, inclusive, a estrutura sem, entretanto, abalar drasticamente a sua essência autoritária que continua a servir a um determinado sistema econômico.” (POPPER apud TELLES, 1989, p.63).
Apesar de todas as mudanças e conceitos relativos à família KALOUSTIAN afirmou:
“A família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência, de desenvolvimento e proteção integral dos filhos e demais membros, independente do arranjo familiar ou forma como vem se estruturando”. (19991, p. 56)
Nosso cotidiano tornou-se inevitavelmente algo que passa às vezes despercebido havendo transformações que não nos permite mais fazer uma associação ou até mesmo uma leitura de gerações passadas.
A educação que o pai prepara e recebe para transmitir ao filho, na oportunidade de fazê-lo está ultrapassado costumes e hábitos, paradigmas de um grupo, tornam-se superados ao serem transmitidos aos elementos jovens do grupo. E na seqüência dos fatos uma sociedade que se transforma, torna o comportamento humano problemático, indeciso, conflitado e até mesmo doloroso. O homem através de suas conquistas perdeu seu instrumento de comunicação, tornou-se menos humano.
Devemos então tentar recuperar a condição humana, aproximando os pais dos filhos, o professor do aluno, o esposo da esposa, os pais da escola, pois, esta separação esconde uma realidade triste e amarga que urge ser transformada. Abismos de incompreensão separam os homens e, os colocam tragicamente a sós; existe a necessidade de se voltar atrás e recuperar a nossa auto-estima, nosso próprio valor, o nosso autoconhecimento. Os homens precisam se conhecer precisa descobrir seu próprio potencial e,
“É necessário que se fale a eles, então na sua própria linguagem. É preciso a maneira de Platão, que o homem fugido da caverna, aquele que viu a luz, volte aos seus companheiros e diga o que viu, mas no jargão das sombras.” (NETO,1987,p.10).
Uma família bem estruturada tem condições próprias e favoráveis para o bom desenvolvimento de seus filhos. Pois, ela é a primeira responsável pela educação, socialização e é o primeiro grupo a estar em contato direto e com maior freqüência na vida da criança. É através do comportamento da criança que se pode perceber o nível de estruturação de uma família, conforma nos diz RUDOLF:
“O fato de uma família existir relaciona-se. Precisamente, com a necessidade de assegurar aos novos seres um ambiente adequado ao desenvolvimento das suas potencialidades.” (LENHARD, 1987, p.61).
A família é a primeira instituição com que uma pessoa entra em contato em sua vida. Ela nos acompanha até a morte. A mesma recebe influência do modo de produção em que está inserida. As relações básicas de uma sociedade irão influenciar diretas ou indiretamente a estrutura familiar.
“A sociedade surge, tal como é, uma força natural estranha e poderosa, que faz com que tudo seja como é.”CHAUI,1995, p.12)
Porque somos criados assim, muitas vezes não percebemos que a concepção familiar vai se ampliando, não aprendemos a criticar as estruturas sociais vigentes. As normas de conduta que nos são ditadas obrigam-nos a agir, pensar e sentir tal qual é conveniente á classe dominante e assim ficamos prontos para o domínio e nos esquecemos das reais funções da família. Assim as relações de dominação, de discriminação e até de violência passam a ser vistas como naturais não questionáveis levando a alienação social. Por outro lado a família pode se tornar um agente de transformação na medida em que conseguir estabelecer e criar novas relações igualitárias e dialogais entre seus membros. Conseqüentemente a vivência familiar será a base essencial que possibilitará uma ruptura com as práticas normais do sistema, neste caso se as pessoas da família tomarem consciência dessas relações estruturais do sistema e decidirem estabelecer a pratica de novas relações.
São inúmeros os questionamentos dos pais em relação a educação dos seus filhos, principalmente no tocante ao que se pode permitir e ao que não se pode permitir. A geração atual de pais é na maioria, frutos de uma educação castradora, inibidora e repressora, tendo que educar sem recusas, sem palmadas, e com liberdade para não traumatizar. “Infelizmente alguns pais despojaram-se das vestes autoritárias da educação tradicional sem substituí-las por vestes ‘limitadas e disciplinadas”. Interpretaram os conceitos da educação renovada de forma deturpada, perdendo-se com isso o fio da meada com um resultado catastrófico, crianças que não respeitam nada e nem ninguém, adolescentes desorientados, desequilibrados, desajustados, capazes de até achar normal, colocar fogo num mendigo que dorme em cima de um banco da praça. ZAGURY nos diz:
“Os limites são tão importantes quanto à liberdade.” (p.167) e também nos diz: “É fundamental para o exercício da democracia, em que o direito de todos tem de coexistir. (p.167).
Viver em família por muito tempo significou obediência e submissão como condição natural, porém nem todas as famílias ordenaram-se ou funcionaram segundo essas regras.
A modernidade, industrialização, descoberta cientificas e tecnológicas provocaram transformações sociais e a elas vem associado um modelo de família não dá conta de tornar compreensível a realidade como um todo, mas vai criar uma cultura emocional e sentimental, sendo esses princípios que vão sustentar as práticas familiares.
Assim viver em família é um porto seguro, que pode ao mesmo tempo conviver com tempestades. A instabilidade faz parte do espaço onde as relações estão sempre sendo avaliadas e reavaliadas pelo atores envolvidos. A família pode ser vista como um fator que estabiliza o ser humano, é a essência da sociedade, pois desde o momento posterior do individuo, pois irá determinar as linhas gerais da maneira como agirá em relação a outras pessoas.
O contado com os pais é determinante na formação da auto-imagem de uma pessoa e condiciona o grau de segurança emocional. Se ocorrerem falhas na relação, o desenvolvimento do individuo poderá ser afetado. Nesse caso a criança poderá desenvolver uma percepção distorcida de si mesma e do mundo. Isto pode dificultar o estabelecimento de relações normais durante a vida adulta.
“Ainda protegia pelo útero materno, a criança já está imersa na dinâmica do casal, simplesmente pelo fato de existir, e pode ser alvo de rejeição ou aceitação.” (IÇAMI TIBA, 1996) .
Quase todo o aprendizado do mundo ocorre dentro do contexto familiar. A vida com os pais é decisiva na constituição da estrutura emocional da criança. É neste contexto que a criança apreende interagir com o mundo ao seu redor, filtradas pela percepção de seus pais que lhe transmitem a própria visão de mundo. Esse é o começo do processo de socialização dos indivíduos.
Um dos indicadores mais óbvios da existência de uma família é o viver junto, sob o mesmo teto implica em partilhar uma série de atividades, um determinado modo de vida.
Embora importante este indicador não pode ser considerado suficiente. Primeiro porque nem todas as pessoas vivem juntas, ou nem todas as convivências são consideradas entre as famílias, tanto atuais como passadas, quanto a composição, relação e organização são tantas que muitas vezes não cabem dentro de casa.
No entanto apesar dos limites enunciados, a perspectiva de se conceber a família como estrutura de convivência é, que as mesmas sejam instituições destinadas ao cuidado, a transmitir valores, carinho, amor bem como a socialização da criança.
A família é sempre foi e continua sendo o grande suporte da sociedade, apesar de ser na sua maioria pequena em relação às demais entidades, tem múltiplas oportunidades de desenvolver uma criança em todos os sentidos tornando-o um adulto responsável, disciplinado, educado, com objetos claros que norteiem e sua caminhada.
Certamente, quando o relacionamento entre os pais flui numa atmosfera de equilíbrio, harmonia, sintonia, diálogo, compreensão, empatia e principalmente amor, fornecer a seus filhos condições para que se orientem em bases seguras e tranqüilas.
Delegar à escola a responsabilidade de educar e, ou, pior, alem de não participar da educação dos filhos, não exerce sua autoridade de mandá-lo para essa entidade é sem duvida lamentável. Infelizmente hoje, é assustador o número de crianças especiais ,com deficiências fora da escola, tanto em municípios, de estado ou nação, são crianças que não possuem identidade, viver por ai, fazendo-se sabe Deus o quê?
É preciso sair do discurso, sacudir, fazer alguma coisa para modificar e promover uma sociedade com idéias mais definidos, estruturados e equilibrados.
A nova LDB 9394/96 prevê a participação dos pais na escola, de forma ativa; consciência com a finalidade de desenvolver o educando na sua totalidade e nos diz:
Artigo 2°
“A educação, dever da família e do estado, inspirada não princípios da liberdade o e nos ideais de solidariedade humana tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
Certamente esta dualidade: família e escola, quando passarem a ser verdadeiros companheiros, na luta por uma educação melhor, teremos uma sociedade mais justa, politizada e menos marginalizada.
Diante desses e outros empecilhos que nos permitem sobreviver, alguns mais, outros menos felizes temos que buscar construir nossa história de vida, primeiro disciplinando-os enquanto pais, enquanto educadores para depois aprendermos juntos no com nossos filhos, pois afinal quem ensina quem?
“De alguma maneira todos nós somos cegos, surdos e mudos, cegos em nossa dificuldade em ver o que se passa em frente aos nossos olhos, surdos em ouvir as palavras dos outros e também a voz da nossa consciência, mudos, omissos em verbalizar nossos sentidos e desejos. Educar é ajudar a manter aberto os canais de comunicação de nossos filhos e também aprender, no contato com eles , a ver, ouvir e falar”. (SHINYASHIKI,1992, p.78)
È bom lembrar que, quando se quer atingir um resultado diferente, é preciso uma atitude diferente cabe-nos, portanto, reavaliar constantemente nossa postura.
O lar é lugar onde tem que haver aquele aconchego gostoso, onde as pessoas se gostam, respeitam as individualidades, são honestas, sabem pedir desculpas, sabem elogiar, agradecer, declarar amor, produzir-se, ser cordiais quanto a escola, deveria ser a continuação deste lar maravilhoso que todos sonharam um dia ter, vamos lutar para que esse sonho se concretize, para que possamos saborear esses frutos deliciosos providos dessa ação.
É uma troca de figurinhas, no aprender que vamos ora firmando, ora modificando e ora alterando nossa pratica, onde acabaremos por descobrir a melhor formula de crescermos juntos com nossos filhos ou alunos.
“A família enquanto grupo de pessoas que convivem dentro de um lapso de tempo, em determinado lugar, e assume o cuidado dos seus membros, independente da consangüinidade, constitui um sujeito coletivo de direitos. “ (TAKASHIMA,1998, p.5)
Apesar da aprofunda transformação dos esquemas familiares, porém, a estrutura essencial da família continua a vigorar, uma vez que constitui, em suas varias formas, fundamento da sociedade humana. Dentro dela criam os laços afetivos necessários a transmissão, de uma geração para outra, da cultura e insubstituibilidade da família e a necessidade de ser orientar os pais na sua tarefa educacional colocando-os em evidencia que:
Sem a colaboração ativa da família, a escola fracassara sua missão.” (WELL,1991, p.154)
Uma criança com deficiência abandonada de afeto tem sua auto-estima baixa tornando-se intolerante diante de possíveis frustrações e vazia de felicidade. A criança deficiente que é amada desenvolve a capacidade de gostar de si mesma elevando sua auto-estima formando o alicerce fundamental da felicidade.
O modo de ser de cada um depende do contexto onde se vive a pessoa com que vive experiências de vida, certas predisposições, recursos e características pessoais. A criança e o adolescente vivem no mundo e passam por inúmeras experiências que contribuem para a formação de sua personalidade.
Reconhecer a existência de outros fatores relevantes na vida dos filhos não significa diminuir a importância da contribuição dos pais. Estes podem atuar como agentes terapêuticos da maior importância, ajudando a criança e o adolescente a se desenvolverem saudavelmente, conseguindo utilizar recursos e potencialidade de modo pleno, como pessoas confiantes responsáveis, gostando de si mesma e dos outros.
Muitos pais necessitam fazer tudo pela criança especial para se sentirem úteis, ou dar tudo para compensar situações frustradoras. A conseqüência esta na dificuldade de valorizar e aproveitar bem o que tem e o que ganha, perdendo o prazer de receber. Fazer todas as vontades da criança implica no excesso de permissividade que acarreta conseqüências nocivas ao bom desenvolvimento da criança e adolescente.
Os pais nunca devem fazer tudo pelos filhos, mas ajudá-los até ponto que ele precisa depois seguir sozinho. Desta maneira o filho adquire autoconfiança, pois esta contribuindo sua auto-estima.
“Um filho que participa e ajuda em alguma atividade útil estrutura o relacionamento entre eles, ativo sua responsabilidade para com os outros, alimenta sua auto-estima e melhora a qualidade de vida de todos. A ajuda passa ser prazerosa não um sacrifício.”(IÇAMI TIBA,1996).
Segundo IÇAMA TIBA, os pais precisam encontrar um jeito, seja como for de dar atenção para o filho no momento em que ele pedir. Não adianta enchê-lo de atenção ele não quer.
O atendimento dado a criança custa muito pouco, porém o não atendimento acumulado causa uma falência à estrutura da personalidade que futuramente poderá custar caro. Tal acompanhamento previne que, na adolescência, ocorram situações desagradáveis que só são descobertas quando se complicam. É preciso acompanhar os filhos durante a presença ou mesmo na ausência dos pais.
Atualmente vivenciamos um período, onde em nosso cotidiano temos que lidar com riscos e incertezas pouco vivenciadas antes.
Segundo Gottmam e Clarice o que devemos fazer para proteger nossos filhos é construir laços emocionais mais fortes com eles ajudando-os a desenvolver um nível mais elevado de inteligência emocional.
Para isso exige-se respeito às necessidades da criança, coerência, paciência e amor. Requer o abandono de formas rígidas e autoritárias sem, no entanto, radicalizar-se para a permissibilidade. Nomear emoções e demonstrar empatia são ações que caminham juntas, bem como a coerência entre o que os pais mostram e o que dizem.